É com muita alegria que anunciamos a continuidade de nosso Seminário anual Lacan. Esse seminário tem como objetivo continuar os trabalhos da primeira edição. O que propomos é um retorno a Lacan. Assim mesmo como o próprio propôs seu retorno a Freud.
Dizem por aí que a psicanálise se renovou com Lacan. Mais do que isso, Lacan promoveu um choque elétrico da ordem da desfibrilação mantendo o caminho pelo desejo e estruturando esse saber como marca da linguagem.
O biologicismo foi um dos grandes responsáveis pelas mais diversas naturalizações de sofrimentos e opressões durante a história moderna. Desde o racismo científico até os dias de hoje ele permanece como um deus que exige veneração. Mais recentemente a psicanálise volta a ser atacada por uma suposta não cientificidade, por ela não se submeter aos métodos de uma ciência dura, que tem seu espaço no laço social, mas que não é a rainha soberana.
Nossa proposta é furar a teoria de Lacan. Nos últimos anos de seminários de formação, escutamos a demanda de trabalhar com o choque elétrico produzido por Lacan, com mais calma, com mais paciência, afinal, é através de sua renovação que, ao retornar a Freud, ele promove um desvio, uma metonímia da própria psicanálise, fazendo com que ela retorne a direção do desejo de transformar.
Para Lacan, a psicanálise é uma ciência da linguagem, essa linguagem que habita o sujeito. Se ele retornou a Freud, a partir da antropologia, da linguística e da lógica, cabe a nós retornar a ele de um outro lugar. Os chamados saberes tradicionais parecem ser o ponto de partida para esse retorno.
O seminário está estruturado como mais uma abertura para a teoria de Lacan. O desejo é de CONVERSAR sobre os seus fundamentos, sobre que efeitos de sentido produz o significante Lacan.
Deixar-se habitar pela linguagem introduzida por Lacan na psicanálise, é deixar-se habitar pela possibilidade de uma nova clínica, que para nós em Après Coup está marcada pela psicanálise amefricana.